Norma Silvia Trindade Lima
Universidade Estadual de Campinas
Este artigo discute uma prática insurgente no período colonial-escravocrata no Brasil, constituída em linguagem de (re)existência, tornada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e difundida mundialmente.
Trata-se da Capoeira, um legado diaspórico cuja ancestralidade evoca diferentes matrizes africanas. Interessa indagar se as práticas culturais – nomeadamente, as que surgiram como resistência ao sistema colonial, como a capoeira – seriam potências para (re)existências, capazes de contribuir com a formação humana e acadêmica, pensada numa perspectiva decolonial e inclusiva.
Visa, ainda, apontar aspectos formativos deste bem cultural no âmbito educacional, tendo em vista problematizações epistêmicas e étnico-raciais desenvolvidas na esteira do pensamento de autores como: Fanon, Hall, Sousa Santos, Quijano, Dussel, Mignolo e outros. Vale-se, ainda, de excertos de narrativas (auto)biográficas, visando articular no campo da experiência as noções de: pensamento abissal, modernidade, eurocentrismo e colonialidade.
Conclui que a capoeira evoca aspectos outros de viver, ser e dizer na diferença colonial, impulsionando um alargamento e tensionamento de fronteiras sociais, culturais e epistêmicas. O “outro” se faz presente, ocupando tempos/espaços e (re)inventando linguagens, culturas, comunidades e processos educacionais pautados em valores ancestrais afro-diaspóricos e pluriversais.
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